Acontecerá, nesta quinta-feira (25/9), em Salvador (BA), o lançamento da sexta edição da Revista Brejeiras, publicação feita por e para lésbicas. Com o tema “Gatas/Sapas Extraordinárias 50+”, a publicação traz na capa as cantoras Cátia de França, Simone, Verônica Bonfim e Ana Costa, além de entrevistas com a intelectual e referência feminista decolonial na América Latina, Ochy Curiel; e com a jornalista e escritora Sonia Hirsch.
O lançamento será no Cinema do Museu e contará com as seguintes presenças: da editora da Revista Brejeiras, Camila Marins, que é jornalista, mestre em políticas públicas em direitos humanos pela UFRJ e idealizadora do projeto de lei Luana Barbosa de enfrentamento ao lesbocídio; a ativista, Bárbara Alves, uma das entrevistadas dessa edição e também integrante do Fórum Baiano LGBT, idealizadora do curso Pensamento Lésbico Contemporâneo da UFBA e uma das organizadoras do Potências Lésbi; Barbara Bergamine, escritora, coautora do livro “Vivências lésbicas negras”, gestora pública e defensora de direitos humanos.
A mediação será de Luíse Reis que é advogada, pesquisadora e diretora de Relações Institucionais da Comissão de Direito Cultural OAB-BA. As boas-vindas serão feitas por Isabel Cristina, que é artista, violonista e uma das criadoras do projeto Sapabrega. De acordo com a jornalista e editora da Brejeiras, Camila Marins, estar em Salvador para esse lançamento fortalece a luta de lésbicas negras.
“Rio de Janeiro e Salvador são cidades com altos números de população negra e sabemos como racismo, lesbofobia e machismo são vetores de opressão que se somam. A sexta edição fala sobre as sapas 50+ e as palavras que se repetem são solidão e tesão que nos colocam os desafios de formação e fortalecimento de redes de apoio e solidariedade e reivindicação de políticas públicas. E essa revista também traz questões para as mais novas: nessa sociedade capitalista, quantas de nós conseguirá se aposentar? Quantas de nós conseguirá viver com valor da aposentadoria, ter acesso a remédios gratuitos e saúde pública de qualidade? Quando falo de saúde pública, é preciso pensar na saúde mental também. São muitas as questões que nos atravessam e a comunicação popular, por meio da Revista Brejeiras, pode ser um instrumento de organização política e mobilização popular”, disse Marins, que já foi homenageada pela Caminhada Lesbi de Salvador.
Bárbara Alves afirma outros desafios. “Ser uma lésbica preta 50+ hoje é enfrentar desafios adicionais como o etarismo. No entanto, não perder a dimensão de que representamos uma geração que lutou por direitos e visibilidade e agora estamos colhendo os frutos dessa luta, abrindo caminho para gerações futuras, mostrando que é possível viver com orgulho e autenticidade independentemente da idade”. A advogada e diretora de Relações Institucionais de Direito Cultural da OAB-BA, Luíse Reis, “no país que mais mata pessoas LGBT e ativistas, onde o apagamento de mulheres lésbicas negras é cotidianamente articulado sem nenhuma objeção porque tacitamente aceito nas esferas sociais como punição pela insurgência esta é uma noite revolucionária!”.
A revista também apresenta um dossiê com depoimentos de lésbicas de todo o Brasil, acima de 50 anos que abordam temas como menopausa, sexualidade, saúde, solidão, felicidade e política pública. Na dica cultural, a revista traz uma matéria sobre os 8 anos do Raízes do Brasil, espaço de café da manhã camponês e de fornecimento de alimentos saudáveis e seguros do Movimento de Pequenos Agricultores (MPA).
A cantora Simone, que é baiana, que recebeu o Prêmio de Excelência Musical no 24º Grammy Latino, afirma em entrevista exclusiva que “amar mulheres é evoluir”. Já a cantora Cátia de França, indicada ao Grammy Latino, revela: “me tornar capa de Brejeiras é uma saída de armário em grande estilo!, eu falo ‘meu pensamento por dentro do seu vestido”, eu já tô dizendo algo aí, né? Porque eu não disse ‘por dentro do paletó”.”
O lançamento acontecerá na av. Sete de Setembro, 2195, Vitória, Salvador, a partir das 18h30.
Sobre Revista Brejeiras
Lançada em abril de 2018, a Revista Brejeiras é formada por três mulheres lésbicas: Camila Marins, Cristiane Furtado e Luísa Tapajós. Elas contam com o trabalho da designer Renata Coutinho (responsável pelo projeto gráfico e pela diagramação) e da ilustradora Ju Gama (autora da logomarca).
A publicação, esgotada em sua primeira e segunda edições, surgiu a partir do afeto entre mulheres, da luta no enfrentamento ao apagamento das vozes e vidas lésbicas e é resultado de um movimento cooperativo que procura ampliar os espaços de fala das mulheres lésbicas, trazendo-as para o centro do debate.