Em meio Ă efervescĂªncia de uma ediĂ§Ă£o recorde da Festa LiterĂ¡ria Internacional de Paraty (FLIP), a jornalista e ativista Nilza Valeria lançou oficialmente seu primeiro livro, “A Casa da Rita”. Ocorrida em um cenĂ¡rio de grande sucesso para a nova ediĂ§Ă£o da FLIP, que registrou 34 mil pessoas como visitantes este ano — um pĂºblico 10% maior que o do ano anterior —, a obra, publicada pela editora MalĂª, Ă© uma coletĂ¢nea de contos sobre o feminino negro, a importĂ¢ncia auto identidade das mulheres negras e seu empoderamento e o legado do ativismo neste protagonismo.
O lançamento ocorreu no dia 2 de agosto, na Casa KalundĂº, local dedicado Ă literatura afro-brasileira dentro do evento. Ao lado de Nilza Valeria, a mesa de debate e lançamento contou com as presenças de Juliane Vicente (escritora e produtora cultural), Sandra Menezes (autora e jornalista) EstevĂ£o Ribeiro (roteirista, diretor e quadrinista) e Sinara Rubia (escritora e ativista), todos companheiros de profissĂ£o de Valeria.
O livro e a identificaĂ§Ă£o de mulheres que representam a afro-brasilidade
Em “A Casa da Rita”, todas as protagonistas se chamam Rita e personificam, cada uma a seu modo, fragmentos da identidade de mulher negra brasileira. Elas vivem situações de vulnerabilidade, lutas, sonhos e superaĂ§Ă£o e juntas constroem um mosaico de um paĂs mais condizente com as vivĂªncias das periferias: geogrĂ¡ficas, econĂ´micas ou emocionais.
A obra, que jĂ¡ estĂ¡ a venda e pode ser adquirida atravĂ©s deste link, reĂºne uma particularidade nos contos inseridos, nomeados atravĂ©s de composições do cantor e mĂºsico Chico Buarque. A iniciativa foi uma homenagem de Valeria para o compositor, cujas canções marcam, segundo a autora, a sua trajetĂ³ria pessoal. “Ela subverte o material de origem, enegrecendo as musas do compositor e conferindo-lhes corpos, dores e alegrias que dialogam diretamente com a realidade e a urgĂªncia da mulher afro-brasileira.†escreveu na apresentaĂ§Ă£o do livro, Vagner Amaro, da editora MalĂª.

Sobre a origem da obra, Valeria relata:
“O livro era uma ansiedade que estava presa e precisava sair. Ao longo da minha trajetĂ³ria como jornalista e militante polĂtica, ouvi muitas histĂ³rias em muitos lugares, e elas sempre esbarravam na minha prĂ³pria existĂªncia enquanto mulher negra. Fui escrevendo os contos com tudo isso na cabeça, uma escolha que Ă© extremamente legĂtima, jĂ¡ que ninguĂ©m pode dizer para nĂ³s qual Ă© o nosso lugar.”
De acordo com Amaro, a prĂ³pria escrita de Nilza Valeria reforça essa identidade, criando uma atmosfera Ăºnica para as narrativas: “A autoralidade Ă© assinada com uma linguagem prĂ³pria, vivaz e urgente como as falas das ruas, mas sem se descuidar da subjetividade de cada uma das personagens, que ora parecem pedir por socorro, ora por abrigo e em muitos contos, apenas por um pouquinho de descanso e amor.”, completa.Â
Sobre Nilza Valeria

Nilza Valeria Ă© jornalista, formada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Trabalhou com comunicaĂ§Ă£o institucional e comunitĂ¡ria na organizaĂ§Ă£o internacional VisĂ£o Mundial.
Atualmente, coordena a Frente de EvangĂ©licos pelo Estado de Direito e desenvolve produtos de comunicaĂ§Ă£o popular para o fortalecimento da democracia e dos direitos humanos. Integra o Conselho de Desenvolvimento EconĂ´mico Social SustentĂ¡vel (CDESS) da PresidĂªncia da RepĂºblica.