Por: Maria Eduarda Abreu
O projeto Viver Eficiente é um exemplo de como a comunicação pode atuar de forma inclusiva. Com o objetivo de dar voz e protagonismo para pessoas invisibilizadas socialmente, o projeto fotográfico, que teve início em 2015, busca valorizar as eficiências de pessoas com deficiência mostrando que a publicidade e a moda são espaços de todos.
A fotógrafa e idealizadora da iniciativa, Kika de Castro, acredita que quebrar qualquer preconceito é uma luta diária da qual a comunicação deve fazer parte dando espaço e oportunidade para que PcDs apresentem suas histórias a partir de seu próprio prisma, sem sensacionalismo ou romantização.
“A pior deficiência da humanidade é o capacitismo, julgar a pessoa com deficiência sem conhecer suas reais capacidades, negar a oportunidade da pessoa mostrar de fato os seus talentos ou achar que beleza é uma coisa padronizada, sendo que a verdadeira beleza é a pluralidade corporal”, explica.
Para Kika, que também é publicitária, a comunicação inclusiva requer reais oportunidades de fala para todos igualmente. Segundo ela, a comunicação precisa de representatividade para chegar ao consumidor final. “ Ter pessoas plurais [nas propagandas], aumenta a economia do país. Pessoas com deficiência têm decisão de compra, elas não podem ser ignoradas em suas tomadas de decisão. São pessoas que estão no mercado de trabalho e tem poder aquisitivo, precisam ser respeitadas como consumidores”, afirma.

Kika de Castro com algumas telas de sua exposição fotográfica
Quando se trata de jornalismo, Kika reitera uma postura baseada na inclusão. “O papel do jornalismo é de extrema relevância, afinal de contas, quanto mais são mostradas, mas as pessoas tomam consciência que é preciso promover acessibilidade nas empresas, no transporte público, nas calçadas. A deficiência é apenas uma característica e não define a personalidade ou capacidade”, conclui.
No início de 2022, em celebração aos 7 anos de projeto, o Viver Eficiente ganhou novos formatos: um podcast disponível na plataforma de áudio Anchor FM e um programa de TV no canal de streaming D+ TV que vai ao ar todo sábado. Além de abordar questões relacionadas a PcDs, o programa abre espaço para ONGs apresentarem seus trabalhos.
De acordo com Kika, mudanças estão sendo planejadas para que em 2023 o programa tenha legenda, libras e audiodescrição. “Só é possível incluir todos, quando esses recursos estão presentes. Nosso projeto está viabilizando essa acessibilidade que falta, sabemos da nossa falha e estamos na luta para de fato incluir todas as deficiências em nosso projeto audiovisual”, justifica.