Brasília foi palco de um grande encontro entre literatura e resistência com o lançamento de Ipês não são domesticáveis, novo livro da escritora e jornalista paraibana Waleska Barbosa.
A obra, publicada pela Avá Editora, reúne 65 crônicas que homenageiam a capital onde a autora vive há 25 anos — cidade que, em 21 de abril, celebrou seus 65 anos de fundação.
Uma Brasília além dos cartões-postais: o que o livro aborda
“Ipês não são domesticáveis” mergulha na alma da capital, revelando seus encantos e contradições a partir de uma perspectiva sensível, crítica e profundamente afetiva. As crônicas foram originalmente publicadas no blog “Um por dia“, criado por Waleska em 2017, e que também deram origem ao seu livro de estreia, “Que o nosso olhar não se acostume às ausências“, lançado logo depois.
Neste novo trabalho, o ipê — árvore-símbolo de Brasília — é metáfora de resistência, beleza e transformação. Waleska observa a cidade em seus detalhes: da secura do clima aos os encontros nos bares, os artistas de rua e os gestos cotidianos que escapam do olhar apressado. Tudo é crônica e é atravessado por sua vivência como mulher negra, nordestina e periférica.
Com 156 páginas e projeto gráfico de Masanori Ohashy, a obra traz uma capa especial com bordado em papel feito por Vitória Maria Barbosa Widmer, irmã da autora. “É um trabalho lindíssimo, que reforça o afeto que permeia uma obra que começou como um projeto independente e chega ao mercado pela força do coletivo, do aquilombamento e da chegada da AVÁ para me incentivar a seguir”, afirma Waleska.
Tom Farias, que assina o prefácio da obra, compara Waleska a Rubem Braga, um dos grandes cronistas da literatura brasileira. “Waleska Barbosa mistura os ingredientes do cotidiano com um toque ardente de sua condição de mulher negra, artista e intelectual como ele fazia”, diz Farias.
Já a doutora em Literatura Julliany Mucury, que apresenta o livro, afirma: “Não tem mais brasiliense, mulher, inteira e rasgada que Waleska”. A autora, por sua vez, destaca o caráter político de sua escrita: “Concordo com Conceição Evaristo quando diz que, para uma mulher negra, escrever é um ato político. Brasília é inspiração diária e poder compartilhar essas crônicas é cumprir um papel não apenas estético, mas político.”
O livro pode ser adquirido diretamente pelo link do site da Avá Editora, através deste endereço.
A autora
Jornalista, cronista, poeta e apresentadora, Waleska Barbosa nasceu em Campina Grande (Paraíba) e iniciou sua trajetória literária com o blog Um por dia e teve textos publicados em diversas coletâneas e revistas. Seu livro de estreia, “Que o nosso olhar não se acostume às ausências“, foi relançado em 2021 pela Arolê Cultural, e com ele, participou da Feira do Livro de Frankfurt (2019), da programação da Câmara dos Deputados e da Feira Literária de Campina Grande.
Também é idealizadora do coletivo Julho das Pretas que Escrevem no DF, que reúne 70 escritoras negras e realiza encontros durante o Festival Latinidades. Desde 2022, apresenta o programa Quilombo de Wal na TV Comunitária de Brasília. Também ministra a oficina “Um por dia – a prática da escrita como forma de cura e autoconhecimento” e, em 2024, recebeu Moção de Louvor da Câmara Legislativa do DF por sua contribuição à literatura.