O Centro Brasileiro de Justiça Climática (CBJC) promove agora, em março, o lançamento do Fellowship de Justiça Climática para Jornalistas, uma iniciativa destinada a apoiar jornalistas negros e negras na produção de reportagens investigativas sobre as injustiças climáticas que afetam as populações negras no país.
O programa, feito em parceria com a Google e o Porticus, visa ampliar o debate sobre as desigualdades climáticas e sua relação com o racismo ambiental, um dos principais focos da organização, e oferece uma oportunidade única de imersão e reflexão sobre os temas mais patentes da agenda climática no Brasil.
Sobre o Fellowship
O Fellowship de Justiça Climática para Jornalistas é um programa de três meses que selecionará 20 propostas de jornalistas (duas para cada um das cinco regiões do Brasil). Os participantes terão a oportunidade de desenvolver reportagens investigativas alinhadas às áreas de pesquisa do CBJC, com suporte técnico e financeiro, além de mentoria especializada para garantir a qualidade e o impacto das matérias produzidas.
A bolsa de reportagem é de R$ 2.500 reais, com carga horária estimada de 15 horas semanais, que pode ser organizada de maneira flexível. O prazo final para as inscrições é no dia 30 de março e a divulgação dos selecionados em 7 de abril. Elas podem ser feitas através deste link.
O prazo estimado para publicação das reportagens é entre junho e julho, enquanto neste interim a equipe do programa poderá sugerir mudanças e outros pormenores para ajustes na matéria, se necessário.
Pautas contempladas
Os jornalistas selecionados poderão propor pautas em uma das seguintes nove áreas temáticas:
Água e recursos hídricos: A gestão e o acesso a recursos hídricos, com foco nas populações negras e seu enfrentamento às desigualdades hídricas.
Transição energética: O impacto das mudanças no setor energético nas comunidades negras e suas implicações sociais e ambientais.
Emprego e renda: As desigualdades de acesso ao mercado de trabalho, especialmente em setores relacionados à sustentabilidade e à crise climática.
Terra, território e moradia: O direito à terra e à moradia, com destaque para os povos negros e as disputas por território no contexto da crise climática.
Fome, nutricídio e insegurança alimentar: O impacto da crise alimentar nas populações negras e a luta por segurança alimentar e nutricional.
Democracia e direitos: A defesa dos direitos humanos e a relação com as políticas climáticas, com enfoque no protagonismo negro.
Saúde e Raça: Como as mudanças climáticas afetam a saúde das populações negras e o acesso a cuidados médicos.
Justiça criminal: O sistema de justiça criminal e o seu vínculo com as questões climáticas, abordando a interseção com o racismo estrutural.
Gênero e interseccionalidades: A análise das questões de gênero dentro da justiça climática, com um olhar interseccional sobre as mulheres negras e suas vivências.
Critérios de Seleção
O Fellowship é exclusivo para jornalistas negros e negras e levará em consideração os seguintes critérios para a seleção:
Atuação como jornalista profissional ou freelancer.
Experiência comprovada em jornalismo investigativo e produção de reportagens.
Proposta de pauta alinhada às áreas de pesquisa do CBJC.
Compromisso com a execução do projeto dentro do prazo estipulado.
Disponibilidade para reuniões de pauta, encontros com especialistas e apresentação de propostas.
Sugestão de pauta com prévia inclusão de possíveis entrevistados, fontes oficiais e porta-vozes relevantes.
O programa, nas palavras de quem o faz
Sobre a iniciativa, conversamos com a diretora executiva do CBJC, Andréia Coutinho, que externou a gratidão em produzir o projeto. “Me deixa muito feliz a possibilidade de lançar um programa focado em profissionais negros e negras que têm um outro olhar, uma outra vivência e uma outra prioridade na hora de escrever uma matéria. A racialização dos dados, principalmente neste tema da justiça climática, é fundamental, então essa ótica é o que faz tudo ser muito especial.”
Em seguida, ela refletiu sobre o legado que a iniciativa trará na discussão da temática. “Eu acredito que vai construir um jornalismo diferente. Vai trazer a luz a investigação sobre dentro dos eixos que a gente está propondo, lacunas nas quais a gente não vê muitas matérias e investigações. Interseccionais mesmo, por exemplo. A ideia é trazer luz e realmente mudança neste tema para os próximos anos“.
Andréia conclui frisando a importância da comunicação na conscientização: “A comunicação é um eixo dentro do Centro Brasileiro de Justiça Climática, que acredita que comunicação é poder. Futuramente até pretendemos fazer um programa com influencers e o papel deles nesse debate também, enfim. Pois a comunicação é fundamental. Por isso esse programa é tão importante para nós”.