Iniciativa vem como parte da exposição à alunos e participantes de curso promovido pela Rede em parceria com a escola de comunicação da UFRJ
A Rede de Jornalistas Pretos pela Diversidade na Comunicação lançou esta semana, oficialmente, repositório online de projetos e profissionais da comunicação e jornalismo. O projeto vai ao encontro de algo já realizado há mais tempo: o curso feito pela JP em colaboração com a Escola de Comunicação da Universidade Federal doRio de Janeiro (UFRJ), “Diversidade e Inclusão no Jornalismona Cultura Pós-Digital”.
O curso, que teve patrocínio do Consulado Geral Dos Estados Unidos e contou com a parceria da Cátedra de Comunicação da Unesco e da Universidade Metodista e foi composto por 16 aulas transmitidas ao vivo via YouTube, envolveu formandos, graduados e estudiosos da área de jornalismo, e teve como foco a discussão de novas abordagens para a diversidade na comunicação.
Com a participação de nomes como Luciana Barreto, Dennis de Oliveira, Rosane Borges, Sara M. Lomax, entre outros, a iniciativa culminou em um desafio prático: os participantes, divididos em grupos, foram convidados a desenvolver projetos jornalísticos e de comunicação inovadores, que destacassem narrativas e personagens marginalizados e racializados, frequentemente invisibilizados pela grande mídia. O resultado da atividade deu origem a doze projetos de comunicação midiática, que refletem não apenas o aprendizado proporcionado pelo curso, mas também a capacidade criativa e inovadora dos profissionais envolvidos.
Estes trabalhos estão agora disponíveis em um repositório digital no site da Rede. Que pode ser acessado por aqui, através deste link. Por lá, além do título de cada trabalho e integrantes que nele participaram, estão detalhes e um breve resumo de cada um dos doze projetos apresentados, seguidos de hiperlinks diretos de acesso aos mesmos.
Os formatos variam entre reportagens escritas, ensaios-reportagens, pesquisas, entrevistas em vídeo e podcasts, proporcionando uma visão plural e contemporânea do jornalismo voltado para a justiça social.
“A criação deste repositório reafirma nosso compromisso em promover um jornalismo plural, acessível e inovador. Além de abrir espaço e dar visibilidade a novas ideias e profissionais, reforçamos a importância de iniciativas que tragam transformação ao cenário midiático. Acreditamos que o conhecimento gerado e ampliado durante o curso é essencial para fomentar inovação. Diante de desafios como desigualdade e racismo, é fundamental explorar formatos diversos e eficazes para combater problemas profundamente enraizados na sociedade. Por isso, a inovação é sempre o nosso foco principal.”, destaca Marcelle Chagas, coordenadora geral da Rede JP.
Em comunicado oficial, a Rede diz:
“Desde matérias até ensaios-reportagens, instazine, passando por pesquisas e entrevistas em vídeo e podcasts, a compilação — e lançamento sob nossa plataforma — de trabalhos tão bem-ajambrados é uma alegria para Rede em ver como o jornalismo e a comunicação andam tão inovativos, fomentadores de ideias criativas e pautas de interesse público. Para além disso, é honroso poder dar espaço a tais profissionais e ideias, que juntos trilharão a estrada para um jornalismo e comunicação multimídia, inovadora e fechada com a justiça e equidade social e racial, algo que sempre é promovido em nossas iniciativas, o que não seria diferente neste caso. A iniciativa vem em um momento mais que importante para a Rede, reforçando o compromisso da organização com a capacidade de não apenas a produção de projetos de importância e impacto na comunicação atual como de fornecer espaços e visibilidade para que outras instituições e profissionais possam mostrar, sugerir e efetivamente implantar ideias para construirmos juntos um jornalismo e um meio comunicativo plural, justo, inovador e acessível à todos.”
Entre outros relatos, há também fala de integrantes dos grupos e do repósitorio. A primeira é da jornalista e comunicóloga Genira Chagas, de Maricá, Rio de Janeiro, que fez questão de elogiar a iniciativa.
Ela, jornalista com mestrado em Comunicação e Semiótica e doutorado em Ciência Política. Atuante no setor de comunicação do Centro de Documentação e Memória (CEDEM), da Universidade Estadual Paulista (UNESP), ressaltou também as influências para o trabalho final.
“Tomei conhecimento do curso Diversidade, Inclusão e Novos Formatos no Jornalismo pós-Cultura Digital por meio do Boletim Fapesp, que leio diariamente. Procuro me manter informada e gostei da ideia de fazê-lo. Felizmente fui aceita, pois achei as palestras interessantíssimas. O curso fez circular informações poucas vezes vistas fora do circuito das comunidades negras. Entendo que esse é o nosso desafio. Fazer chegar aos cidadãos como o Estado e as big-tecs agem para perpetuar o racismo. O Estado porque não regulamenta e as big-tecs porque agem livremente. Penso que cursos como este devem ser oferecidos nas escolas secundárias para que os cidadãos se formem com a consciência de que a sociedade continua a segregar os não brancos, apesar de toda a luta antirracista. Parabéns à todos os envolvidos. […] Pessoalmente este trabalho final foi gratificante e sumarizador deste aprendizado e de como estes assuntos e pensar a comunicação e o jornalismo sob viés inovativos e de justiça social é necessário.”
A jornalista paulista Beatriz Mazzei, atuante nos portais IG e Uol, também deu seu relato:
“Fiquei muito impressionada com a qualidade dos profissionais selecionados para as aulas do curso. Os temas também são muito atuais e dialogam com o momento atual do jornalismo, que está cheio de desafios para quem quer trabalhar com diversidade e novas narrativas. Os conteúdos são bastante enriquecedores e já tem me ajudado a ter novas ideias na prática, como jornalista. Ter esse trabalho também exposto, de extremo reflexo ao conteúdo e ao jornalismo que está sendo feito dia após dia é inenarrável. Foi tudo uma ótima experiência!”
Por fim, a estudante Bianca Nazaré, de Lagoa Dourada, Minas Gerais, aproveitou para compartilhar seus aprendizados.
“O curso de extensão ‘Diversidade, Inclusão e Novos Formatos no Jornalismo Pós-Cultura Digital’ da UFRJ’ foi de grande valia. O conteúdo do curso tem se mostrado extremamente relevante e alinhado com o meu projeto de combate ao racismo nas relações de consumo, a SEO, especialmente nas aulas que abordam o racismo algorítmico, entre outros temas cruciais. Ter a oportunidade de fazer conexões e conhecer tantos profissionais do Brasil e do exterior, particularmente, foi uma experiência imensa e enriquecedora para mim. As discussões e aprendizados do curso estão diretamente conectados ao trabalho que faço na Siaa [trabalho de comunicação institucional na área de arquitetura]. A compreensão aprofundada sobre como a comunicação digital pode ser inclusiva e representativa ajuda a moldar nossas estratégias para criar um ambiente de atendimento ao consumidor mais justo e acolhedor.”
No repósitorio, há também um link direto ao documentário feito pela Rede sobre o curso, que inclui depoimentos exclusivos de professores, alunos e integrantes da equipe discutindo o legado da iniciativa. A apresentação dos trabalhos presentes também podem ser conferidas no canal do YouTube da Extensão UFRJ.
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