Levantamento contempla dados coletados entre os anos de 2021 e 2023 e revela diagnósticos para uma comunicação plural e à promoção de um jornalismo diverso
Nesta sexta-feira (02) foi divulgada uma pesquisa sobre um tema importante: as desigualdades sociais e sustentabilidade de mídias no Brasil. Envolvendo entrevistas, dados e outros indícios de fonte, o estudo, da InternetLab, que contou com participação da Rede JP, teve como intuito analisar de forma plena o processo de comunicação diversificada em território nacional hoje e o papel da mídia na promoção da diversidade e pluralidade no jornalismo e meio comunicativo como um todo.
Com dados coletados entre 2021 e 2023, o relatório procurou abranger a análise em diversas áreas, indo desde contextos raciais, passando pelo indígena e periférico. “Desigualdades sociais e sustentabilidade de mídias no Brasil”, nome da pesquisa, além de produzir diagnósticos, revela as barreiras e desigualdades relacionadas à sustentabilidade do jornalismo e da comunicação produzidos a partir de mídias negras, indígenas e territoriais em um contexto próprio: de popularização das plataformas de redes sociais e do uso da internet como ferramenta para circulação de informação.
Destacando também a falta de políticas e mecanismos eficazes para a sustentabilidade, principalmente, para mídias produzidas por populações historicamente vulnerabilizadas, Stephanie Lima, coordenadora de pesquisa do InternetLab, falou sobre a importância do levantamento.
“Nesse sentido, a pesquisa identificou que as mídias negras, indígenas e periféricas enfrentam barreiras estruturais e desigualdades na distribuição de recursos. A falta de apoio do Estado e da filantropia é um problema recorrente, com pouca ou nenhuma assistência ao jornalismo independente. Como consequência, essas mídias sofrem com a informalidade e a precarização do trabalho, impedindo sua sustentabilidade a longo prazo”.
Foram feitas entrevistas com mídias negras, indígenas e periféricas/territoriais, representantes de veículos independentes que focam no debate de gênero ou sem algum enfoque específico, assim como membros de organizações filantrópicas e pesquisadores do tema. A ampliação do perfil dos entrevistados teve objetivo de compreender diferentes perspectivas de agentes comunicativos. O InternetLab incluiu e mapeou algumas coletas de dados para identificar iniciativas já existentes, tanto privadas quanto públicas, de financiamento de mídias independentes e projetos de jornalismo.
Para auxiliar a compreensão, o relatório é introduzido por um glossário, no qual são trazidas definições de algumas categorias utilizadas para classificar e descrever o campo de organizações presentes nas discussões e os veículos entrevistados ou referenciados. A criação deste método visou, segundo o próprio instituto, oferecer um panorama do contexto dos termos e suas diferenças.
De acordo com a própria nota de divulgação da iniciativa, o relatório — que pode ser lido na íntegra por este link — visa fortalecer 4 tópicos:
“Para enfrentar esses desafios, o relatório sistematiza as propostas das mídias ouvidas em quatro pontos: i) criação de um programa estadual de incentivo e distribuição igualitária de publicidade pública; ii) estabelecimento de fundo público e a regulação das plataformas digitais como alternativas para enfrentar esses desafios; iii) criação de um fundo filantrópico para o jornalismo independente; iv) fortalecimento de redes nacionais de mídias negras, indígenas e periféricas/territoriais.”
O InternetLab é um centro de pesquisa interdisciplinar que promove o debate e a produção de conhecimento nas áreas de direito e tecnologia, com foco especial em questões de internet e direitos humanos. Entre alguns dos apoios institucionais que têm estão os de empresas como o Google, a Ford Foundation, Luminate e a Open Society Foundation.