Roberta Garcia, jornalista com 20 anos de carreira, se destacou em várias áreas da comunicação, incluindo reportagem, gerenciamento de projetos e desenvolvimento de novos negócios multiplataforma, entre outros. Ao longo de sua carreira, Roberta viajou pelo Brasil e pelo mundo, se adaptando a diversas áreas do jornalismo, como esportes, tecnologia e cultura. Atualmente, ela está engajada em uma nova abordagem à política, unindo seu trabalho ao seu propósito de vida.
Roberta é uma influente formadora de opinião e participa ativamente do Movimento Mulheres Negras Decidem. Em 2023, foi eleita uma das jornalistas negras mais admiradas do país no prêmio “Os +Admirados Jornalistas Negros e Negras da Imprensa Brasileira”. “Fiquei muito feliz quando soube que já estava na lista dos 50 jornalistas negros e negras mais admirados. Durante o evento, quando começaram a chamar os TOP 10 e nada do meu nome, pensei: ‘Poxa, Rô, já está legal pra caramba estar entre essas feras’, mas quando ouvi meu nome em 4º lugar, passou na minha cabeça um filme em velocidade máxima de toda a minha carreira”, conta.
Atualmente, Roberta é apresentadora no Instituto Conhecimento Liberta (ICL) e mestre de cerimônias em eventos que incentivam o empreendedorismo. Nesta semana, ela será uma das apresentadoras do evento “Despertar Empreendedor”, que acontecerá em São Paulo nos dias 14, 15 e 16. Além disso, Roberta se prepara para apresentar o programa ICL Tank, um reality show que busca fomentar novas ideias de negócio, onde os participantes disputarão investimentos que somam R$ 1,5 milhão.
Em entrevista exclusiva à Rede JP, Roberta compartilhou detalhes sobre seus novos projetos e a paixão por integrar trabalho e propósito de vida. Acompanhe abaixo nosso bate-papo.
Reconhecimento e desafios na carreira jornalística
Roberta começou como estagiária na TV Cultura e passou pela ESPN, RBS e Globo. Atualmente, trabalha no ICL. Ela lembra que muitas vezes foi desacreditada por sua cor, cabelo e estilo, mas sempre aproveitou as oportunidades. Sobre a importância de prêmios como o da Rede JP para a visibilidade de jornalistas negros, Roberta destaca que esses reconhecimentos evidenciam o crescimento e a qualidade dos profissionais negros em todas as editorias.
“O prêmio existir já é um recado de como crescemos com qualidade em todas as editorias jornalísticas e que estamos, sim, ocupando importantes espaços na comunicação,” pontua.
Segundo Roberta, o principal desafio é dar voz a pessoas inteligentes e competentes em diversos assuntos, que são frequentemente chamadas apenas para discutir questões raciais. “Tenho orgulho de lembrar cada lugar onde estive. Todos me acrescentaram muito. Precisamos nos permitir e estar abertos à reinvenção. Pode dar errado? Pode. Mas também pode dar muito certo. A vida é feita de bagagem e quilômetros rodados!”
O papel do jornalismo na promoção da diversidade e inclusão
Roberta é uma mulher negra e LGBTQ+. Ela vê a inclusão e a diversidade como suas bandeiras naturais. “Tenho muita responsabilidade, pois meu trabalho impacta muitas pessoas e me permite acessar espaços de poder”, pontua. Seus questionamentos refletem a luta por justiça social, respeito, equidade, democracia, emancipação e políticas para os mais vulneráveis, incluindo aqueles que sofrem pela sua orientação sexual.
A jornalista é articuladora política do movimento “Mulheres Negras Decidem” e também atua nos bastidores para incluir mais mulheres negras na política institucional. Ela participou ativamente da campanha “Ministra Negra Já”, que exigiu do Presidente Lula a nomeação de uma mulher negra para o STF, algo que nunca aconteceu em 130 anos.
“Sigo na luta por justiça para todos, e isso só vai acontecer quando houver diversidade”, enfatiza.
Para Roberta, é fundamental aumentar a presença de jornalistas negros, indígenas e LGBTQ+ nas redações, pois eles trazem perspectivas únicas que são frequentemente ignoradas pela grande mídia, majoritariamente controlada por homens brancos. “A mídia especializada como a Alma Preta é essencial, pois traz reflexões que não interessam à grande mídia”, explica. Ela acredita que o jornalismo deve adotar um olhar crítico, o que só será possível com a pluralidade de vozes, perspectivas e vivências.
Evento Despertar Empreendedor
Roberta está vivendo um novo momento em sua carreira como uma das apresentadoras do evento “Despertar Empreendedor”, organizado pelo Instituto Conhecimento Liberta (ICL). Para ela, é fundamental discutir o empreendedorismo negro e de outras minorias, já que muitos empreendedores surgem da necessidade e trazem consigo propostas inovadoras que podem transformar o sistema capitalista.
“Sempre que me vejo numa posição de destaque penso em referências que muitas vezes não tive e o quanto positivamente eu posso impactar,” conta.
Sobre a importância de discutir o empreendedorismo negro e outras minorias em eventos como o “Despertar Empreendedor”, Roberta destaca que os empreendedores geralmente têm ideias que nascem de suas próprias necessidades. Ela acredita que o empreendedorismo pode revolucionar o modo capitalista de produção ao propor novas relações de trabalho sustentáveis. No entanto, aponta que o primeiro desafio para o empreendedor negro é conseguir investimento, devido ao elitismo histórico-cultural.
“O elitismo histórico-cultural é implacável com os pretos e pobres,” diz ela. Apesar das dificuldades, Roberta vê espaço para ascensão social, mesmo diante do racismo estrutural.
“O elitismo histórico-cultural é implacável com os pretos e pobres,” diz ela
Roberta também está empolgada com a apresentação do reality show ICL Tank no ICL, que investirá R$1,5 milhão em projetos com impacto social positivo. “Recebemos muitas inscrições e já estamos selecionando os empreendedores participantes,” comenta. O programa está programado para estrear no segundo semestre deste ano. Tanto para Roberta Garcia quanto para o ICL, a diversidade não é apenas uma ideia, mas sim uma prática fundamental para construir um futuro empresarial mais justo e inclusivo.
No competitivo mundo do jornalismo, orientação e inspiração são fundamentais para os iniciantes, especialmente para jornalistas negros que enfrentam barreiras adicionais. Roberta compartilha conselhos com jovens jornalistas negros que estão iniciando suas carreiras.
“Projete o lugar onde gostaria de estar e siga sua intuição, sem medo de fazer manobras, se necessário. Não desista. O mundo pertence aos fortes que resistem. Nunca deixe de se candidatar a qualquer vaga. Se não der certo, certamente a empresa perdeu uma grande oportunidade de tê-lo. Estude. Exponha suas ideias. Nossa individualidade é nosso maior diferencial. Pense grande, mas nunca se esqueça do coletivo. Ubuntu!”, aconselha.
Edição 2024 do Prêmio + Admirados Jornalistas Negros e Negras da Imprensa Brasileira vem aí
A edição 2024 dos + Admirados Jornalistas Pretos vem aí!
O Prêmio + Admirados Jornalistas Negros e Negras da Imprensa Brasileira, lançado em 2023, busca reconhecer a contribuição de homens e mulheres negras na mídia. Este evento, apoiado pela newsletter Jornalistas&Cia, portal Neo Mondo, site Um Papo Reto e Rede de Jornalistas Pretos Pela Diversidade na Comunicação, celebra a diversidade e esforços muitas vezes subestimados dessa comunidade.
Recentemente, foi dado o pontapé inicial para a edição de 2024. Este prêmio segue a tradição estabelecida pela Jornalistas&Cia / Portal dos Jornalistas. É um esforço para manter viva uma iniciativa que frequentemente enfrenta dificuldades de sustentabilidade devido à falta de apoio financeiro e institucional.
Marcelle Chagas, coordenadora da Rede JP, destaca a importância de realizar a premiação de maneira sustentável, conforme alcançado na primeira edição.
“Para a segunda edição, nosso objetivo é garantir que consigamos manter a mesma beleza e impacto, de forma sustentável, como alcançamos na primeira edição. Ao longo da história, muitos prêmios semelhantes enfrentaram desafios de sustentabilidade devido à falta de apoio das grandes empresas, destacando a difícil realidade que os projetos destinados a destacar figuras negras enfrentam. Estamos comprometidos em superar esses obstáculos e continuar valorizando e reconhecendo a excelência dentro dessa comunidade”, complementa.
Marcelle Chagas, coordenadora da Rede JP
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