Uma recente pesquisa conduzida pelo Espro (Ensino Social Profissionalizante) revelou que, embora 80% dos executivos considerem crucial o investimento em ESG (Ambiental, Social e Governança) pelas empresas brasileiras, apenas 30% delas efetivamente mobilizam ações nesse sentido. A edição 2023 da Pesquisa Satisfação Empresas, que contou com a participação de 720 executivos de todo o Brasil, destaca a disparidade entre a conscientização sobre a importância do ESG e a implementação prática de ações nesse âmbito.
A pesquisa anual, realizada pelo Espro para obter avaliações das empresas parceiras sobre os jovens aprendizes contratados e a qualidade do atendimento da entidade, revela que apenas 31% dos executivos perceberam a execução de ações efetivas para consolidar uma agenda ESG nas organizações em que atuam.
Dentre os participantes, 48% identificam os principais benefícios das ações ESG como causadores de impactos positivos na comunidade, sociedade e meio ambiente. Outros destaques incluem a melhoria da inovação e gestão (39,5%), o aumento da produtividade e engajamento dos funcionários (38,5%), e a promoção da proteção ambiental (38%). Contudo, apenas 15% dos entrevistados enxergam a socioaprendizagem integrada às agendas de governança, indicando uma concentração nas iniciativas relacionadas ao pilar ambiental.
Alessandro Saade, superintendente executivo do Espro, ressalta que, embora o termo ESG esteja em evidência, tem sido mais associado ao pilar ambiental. Ele destaca a interação essencial entre os três pilares e observa que parte do empresariado já compreende que os desafios e responsabilidades relacionados às pessoas, ao planeta e aos negócios caminham conjuntamente.
Socioaprendizagem e ESG: Uma Lacuna a ser preenchida
Segundo a pesquisa, 65% dos executivos acreditam que a contratação de aprendizes tem como objetivo o investimento em formação profissional e o apoio à inclusão social dos jovens. No entanto, para 26% dos entrevistados, a aprendizagem é simplesmente um meio de cumprir a cota obrigatória estabelecida pela legislação vigente. A Lei da Aprendizagem ou Lei do Jovem Aprendiz (Lei no 10.087/2000) determina que empresas médias e grandes destinem de 5% a 15% das vagas de sua força de trabalho a jovens com idade entre 14 e 24 anos matriculados em cursos profissionalizantes.
Embora 63% dos executivos vejam a socioaprendizagem como um meio de cumprir a cota e, se possível, aproveitar para contratar os jovens posteriormente, apenas 15% concebem a socioaprendizagem como componente das ações de ESG nas organizações em que atuam. Alessandro Saade destaca a falta de associação entre a aprendizagem e políticas corporativas de relacionamento com a comunidade local, ressaltando que essas medidas são verificadas pela B3 junto às companhias pleiteantes ao Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE).
Seleção e avaliação dos jovens aprendizes: Além das competências técnicas
A pesquisa também analisou os critérios prioritários na seleção de jovens aprendizes pelas corporações. A habilidade de relacionamento interpessoal foi apontada por 80% dos executivos, seguida pelo conhecimento do pacote Office (61%) e pela proximidade da residência do aprendiz à empresa (48%). A vulnerabilidade social foi mencionada por 15,5%, enquanto o conhecimento de idiomas foi o critério menos relevante.
Os benefícios percebidos pelas empresas ao contratar jovens aprendizes incluem a contribuição para a formação profissional (88%), a capacitação para funções na empresa (76,5%), o aumento da diversidade e inclusão na equipe (63%) e o recrutamento de jovens talentos (62%).
A pesquisa destaca a importância de considerar a socioaprendizagem não apenas como uma forma de cumprir obrigações legais, mas também como uma oportunidade de contribuir para o desenvolvimento de talentos, fortalecer a inovação e melhorar a reputação das empresas como empregadoras comprometidas.
ESG como compromisso integral
Embora a pesquisa evidencie a crescente conscientização sobre a importância do ESG, há uma necessidade clara de maior implementação prática. A associação entre socioaprendizagem e ESG, embora presente em alguns casos, está longe de ser uma prática comum. O Espro destaca que, para uma verdadeira aderência ao ESG, as iniciativas devem ir além do cumprimento da Lei da Aprendizagem, abraçando o compromisso de mitigar a vulnerabilidade social, cooperar com agendas positivas como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, e garantir a empregabilidade dos aprendizes após o programa.
Sobre o Espro
O Espro atua na inserção de adolescentes e jovens em vulnerabilidade social no mundo do trabalho, por meio da socioaprendizagem. Com 44 anos de existência, a entidade já encaminhou 521 mil jovens para suas primeiras oportunidades de emprego e realizou 1,1 milhão de atendimentos sociais. O Espro opera nacionalmente, capacitando mais de 25 mil jovens anualmente através de programas e projetos. A organização busca transformar a sociedade através de projetos de impacto social, colaborando com empresas e parceiros para criar ambientes mais inovadores e inclusivos. Para mais informações, visite o site do Espro.
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