Os caminhos para que a comunicação aconteça de forma plural e pensando a acessibilidade estão sendo cada vez mais discutidos. Essa preocupação é fruto de transformações sociais que quebraram barreiras raciais, de gênero, de limitações físicas, mentais ou intelectuais, entre outras diferenças que impediam a participação social efetiva de determinados grupos sociais.
Uma comunicação plural é aquela que se propõe a agregar e apresentar a diversidade humana em todas as suas formas e expressões respeitando as diferenças de gênero, raça, credo, orientação sexual, etc. Já a comunicação inclusiva pensa em como comunicar sem reproduzir preconceitos ou estereótipos e se estrutura de forma que as informações estejam acessíveis a todas as pessoas.
Pensando nisso, durante a jornada de produção de conteúdos para o mundo digital muitos comunicadores e jornalistas buscam por elementos que auxiliem no desenvolvimento de pautas e narrativas com pluralidade e que estejam disponíveis e acessíveis para todos. Separamos uma lista com ferramentas, incluindo bancos de imagens gratuitos com pessoas negras, PcDs e LGBTQIAPN+, que podem auxiliar na criação de conteúdos com diversidade e acessibilidade.
Conteúdos acessíveis
Para tornar os conteúdos de texto e imagens acessíveis é necessário unir pesquisa, técnica e tecnologia. Os avanços tecnológicos são aliados importantes na elaboração de conteúdos acessíveis, alguns sites e redes sociais, por exemplo, já possuem recursos essenciais para que a comunicação ocorra de forma assertiva com todos os usuários, sem exceções. Essas são algumas dicas de como juntar comunicação e acessibilidade:
Uso de legendas nos vídeos
Para pessoas surdas ou com deficiência auditiva é fundamental que todo conteúdo audiovisual seja legendado. Além disso, é indispensável a presença de intérpretes de libras no caso de produções e eventos transmitidos ao vivo. São esses profissionais que vão tornar possível a tradução do que está sendo narrado. Entre os aplicativos que legendam automaticamente e de forma gratuita estão: Voicella, Capcut,Inshot, Autocap, Headliner e Veed.
Sites acessíveis
Um site acessível deve proporcionar uma experiência de usuário satisfatória para todos. Ou seja, possibilitar que pessoas com ou sem deficiência consigam ter acesso a todas as informações apresentadas (vídeos, imagens, textos e gráficos) e usar todas as funcionalidades do site como links e botões. Para que a acessibilidade funcione de forma plena o site precisa ter descrição de imagens, fontes legíveis, alto contraste, janelas de Libras, busca por comando de voz, legendas, e plugins de acessibilidade em Libras.
Descrição nas imagens
Transcrever o cenário de imagens auxilia programas de acessibilidade a informar pessoas cegas ou com baixa visão o que as imagens apresentam. Em redes sociais como Twitter, Instagram e Facebook é possível realizar a transcrição nas configurações ou edição de imagem, a descrição pode ser feita na legenda ou através do texto alternativo (ALT). Sites e blogs também possibilitam usar essa funcionalidade. Uma boa descrição deve ser curta e objetiva.
Fontes grandes e sem enfeite
Para que os leitores de texto utilizados por pessoas cegas ou com baixa visão consigam fazer uma leitura eficaz é necessário que as fontes utilizadas em textos, imagens de sites ou redes sociais tenham um tamanho adequado (a partir de 14, dependendo do tipo de fonte). Muitos enfeites e contornos podem dificultar a leitura dessas informações, por isso o ideal é usar fontes simples.
Bancos de imagem com representatividade
Outra maneira de tornar a comunicação mais diversa é através das imagens. A fotografia é um recurso importante na construção de narrativas, por isso a predominância de alguns grupos em detrimento de outros nas publicidades, redes sociais e mídias no geral reforçam um discurso excludente.
Apesar do debate a respeito, os bancos de imagem digitais tradicionais apresentam uma parcela muito maior de representação de pessoas brancas em detrimento de pessoas não brancas, além disso, a imagem de pessoas com deficiência aparece de forma muito superficial, idosos e casais LGBTQIAPN+ também são invisibilizados ou apresentados por meio de imagens estereotipadas.
Foi diante da dificuldade em encontrar imagens de determinados públicos em bancos pagos e gratuitos que alguns profissionais da área decidiram criar os próprios arquivos de imagem e auxiliar outros profissionais na construção de materiais com cenários mais representativos, trazendo pessoas excluídas para o centro das narrativas imagéticas.
Dessa forma fica mais fácil o caminho de quem quer incluir nos seus conteúdos nas redes sociais, sites e demais canais de comunicação pessoas de diferentes idades, corpos, raças e orientação sexual.
Veja abaixo nossa lista com alguns bancos de imagens gratuitos:
É um banco de imagens pago que busca apresentar a diversidade da população brasileira. A proposta traz uma produção com brasileiros e feita por brasileiros. No site é possível encontrar fotos de pessoas negras, PcDs, idosos e LGBTQIAPN+. Para obter as imagens é necessário realizar um cadastro no site.
O banco possui imagens de pessoas negras em diferentes situações, desde acontecimentos rotineiros como organizar a casa, cozinhar ou se arrumar a manifestações de rua, festas, trabalho, entre outras. As fotografias podem ser baixadas de forma gratuita e estão disponíveis para uso pessoal e comercial.
Criado em 1991, é um banco de imagens do Brasil e dos brasileiros. É possível encontrar imagens de pessoas, paisagem natural e urbana, festas e manifestações populares, etc. O acervo possui mais de um milhão de imagens entre vídeos e fotografias. Para adquirir as imagens é preciso realizar um cadastro, o pagamento é feito através do Paypal.
É um banco de imagens de pessoas não brancas com deficiência, no acervo é possível obter fotografias e ilustrações de forma gratuita. As imagens estão distribuídas nas seções: Comunicadade, LGBTQ+, Vida, Natureza e Justiça social. Além disso, é possível realizar pesquisas através de tags prévias como: paralisia cerebral, cozinha acessível, prótese de perna, etc.
Esse é um banco de imagens de mulheres negras feito por mulheres negras desde a fundação até as modelos e desenvolvedoras do site. O nome é uma referência a música Young, Gifted and Black da cantora Nina Simone. Em 2020 o YGB participou de uma campanha internacional da marca Havaianas. As imagens são oferecidas de forma gratuita e em ótima qualidade, no entanto para adquiri-las em uma resolução maior é preciso realizar o pagamento.
The Gender Spectrum Collection
O acervo possui imagens de pessoas trans (que não se identificam com seu gênero de nascimento) e não binárias (pessoas que não se identificam com um gênero exclusivo). As imagens são organizadas em tópicos: estilo de vida, relacionamento, tecnologia, trabalho, saúde, e ao ar livre e estão disponíveis para download gratuito.
Em parceria com o banco de imagens Unplush o aplicativo AllGo criou uma seção que reúne corpos de diferentes tamanhos e etnias para driblar os padrões tradicionais de beleza. O acervo possui 144 imagens divididas em 6 seções, elas podem ser baixadas gratuitamente no site.
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