*Sandra Roza
Pesquisar sobre cases de sucesso de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) dos EUA é importante. Porém, querer aplicá-los na sua empresa no Brasil pode não ser a melhor solução. Isso porque cada país tem um contexto histórico diferente e compará-los, muitas vezes, é apagar as diferenças entre eles. Além disso, o Brasil é composto por vários “Brasis”, cada um com uma realidade muito complexa.
Por exemplo, um case de sucesso de DEI em São Paulo-SP pode não dar certo em uma cidade do interior do mesmo estado, por exemplo. Se ampliarmos as regionalidades, a mesma política de diversidade corporativa também não terá sucesso no norte, nordeste, sul, centro-oeste. Consegue perceber como é relevante falar sobre esse ponto e a diversidade regional?
Nos últimos anos, tenho analisado como muitas organizações e consultorias pensam apenas nos cases de diversidade que dão certo nos EUA e sudeste brasileiro, especificamente Rio de Janeiro – RJ e São Paulo-SP, para se pensar realidades do interior de Minas ou de várias cidades do país. É interessante ter essas referências, porém pouca coisa ou quase nada muda. Nem os projetos e nem as ações. O principal problema: usam metodologias de outras realidades para contextos únicos e específicos.
Assim, como falei acima, nada muda, mas as organizações focam nas divulgações na imprensa, sites e redes sociais, esquecendo de um detalhe: os projetos de DEI não estão dando resultados. Quando questionadas em entrevistas, muitas instituições citam que estão em fases de letramentos e treinamentos internos, o que é essencial. Entretanto, novamente, conteúdos focados apenas em questões raciais dos EUA ou dados gerais sobre mulheres no mercado de trabalho, sem especificar raça, sexualidade, renda per capita, entre outros pontos. Materiais muito distantes dos diferentes “Brasis” ou do local onde a organização atua.
Para muitos, a DEI corporativa é um tema legal, filantrópico e que “está na moda”. Porém é um assunto muito sério, que envolve pessoas diversas, reparações históricas, economia, sustentabilidade, inovação nos negócios e uma transformação urgente pela inclusão no mercado de trabalho, no Brasil e, principalmente, em diferentes locais do país. Não é um processo simples e rápido, em muitos casos, mas que precisa ter objetivos e metas de curto a médio prazo a fim de que a mudança aconteça de verdade. E ela pode começar com a informação: cases de diversidade corporativa dos EUA podem não funcionar na sua empresa no Brasil.
*Sandra Roza
Coordenadora de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) e Relacionamento Institucional (RI) na Rede de Jornalistas Pretos pela Diversidade na Comunicação (Rede JP), Mestra em Comunicação (UFOP), Jornalista (UFOP) e Especializanda em Comunicação Estratégica na Sociedade 5.0.
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